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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Desejos Vãos

"Eu q'ria ser o mar d'altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu q'ria ser a pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu q'ria ser o sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu q'ria ser a àrvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos céus, os braços, como um crente!
E o sol altivo e forte, ao fim dum dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!.
E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!..."
in Florbela Espanca

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